Enxaguantes Bucais: Quando Usar e Quais Riscos para Saúde Oral

July 10, 2024

Enxaguantes bucais são soluções usadas para bochechos ou gargarejos. Possuem diferentes princípios ativos conforme a sua indicação (controle de doenças e alterações da cavidade bucal como cárie, erosão, inflamação gengival, halitose, etc.). Alguns, no entanto, não possuem nenhum benefício além da sensação de frescor e do hálito agradável. 

Enxaguantes não são recomendados para todas as pessoas como um passo adicional da higiene bucal, a maioria não precisa disso. Eles têm indicação específica e devem ser prescritos pelo profissional após avaliar a necessidade do paciente.

Eles também não podem substituir a higiene bucal com a escova, creme dental e fio dental, já que agem na formação do novo biofilme, e não “matam” o biofilme já existente, precisando assim ocorrer a desorganização mecânica (escovação) da placa bacteriana antes do seu uso. Enxaguantes bucais não são recomendados para menores de 7 anos, já que é necessário que a criança consiga bochechar e cuspir totalmente o produto. 

Os problemas relacionados ao uso indiscriminado de enxaguantes bucais são: 

1-Pigmentação dos dentes e alteração do paladar nos enxaguantes que contém clorexidina.

2-Aumento da incidência de aftas em função da presença de detergentes na formulação.

3- Aumento da irritação das mucosas e hipossalivação em enxaguantes que contém álcool.

4- Reações alérgicas devido aos flavorizantes da fórmula.

Devemos ter muita atenção aos enxaguantes que contém álcool. Alguns estudos mostram que o uso frequente e continuado associado a outros fatores de risco podem representar um risco significativo para o desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço. Eles são totalmente contraindicados para crianças, pelo risco de ingestão, além da exposição precoce do paladar ao álcool, em pacientes com histórico de alcoolismo e em pacientes com restaurações em resina composta, devido a capacidade do álcool de solubilizar materiais resinosos. 

Outro fator que merece atenção é o pH, a maioria apresenta pH ácido. Enxaguantes não fluoretados de pH ácido são potencialmente erosivos para as estruturas dentárias e degradam materiais restauradores estéticos. Já os enxaguantes com pH ácido e que contém lauril sulfato de sódio não devem ser usados antes da escovação pois podem favorecer o desgaste do esmalte e reduzir o efeito do fluoreto. 

Em relação ao efeito anti-cárie. Para um enxaguantes ter efeito anti-cárie é necessário que ele seja fluoretado, 225 ppm F (0,05% de NaF) nos enxaguantes de uso diário ou, 900 ppm F (0,2% de NaF) para os de uso semanal. Isso também confere ao enxaguatório um fator de proteção contra a erosão dentária, já que ocorre a formação de depósitos de CaF2, que protegem os nossos dentes contra ácidos de origem não bacteriana (vindos da dieta), principalmente se associarmos o estanho, reduzindo assim a desmineralização. 

Pacientes que já fazem uma boa higiene bucal com creme dental fluoretado não possuem indicação de uso de enxaguante fluoretado associado, pois o fator de proteção adicional é muito pequeno (aproximadamente 7%). Eles devem ser indicados a pacientes que precisam de um fator adicional de proteção, como pacientes que usam aparelho fixo, com alta atividade de cárie, erosão dentária (pacientes com refluxo gastroesofágico, por exemplo), neste caso o ideal é combinar o fluoreto com estanho. 

Pacientes que possuem implantes dentários necessitam de uma prescrição um pouco diferente, é necessário enxaguantes fluoretados de pH neutro e 226 ppm F. Enxaguantes de pH ácido ou de concentrações de fluoreto maiores possuem potencial corrosão da superfície dos implantes. 

Enxaguantes contendo antimicrobianos auxiliam no controle do biofilme somente se associados a escovação, sendo assim coadjuvantes e não substitutos da higiene mecânica. A clorexidina é um exemplo bem conhecido, pelo seu amplo espectro de ação e baixíssima toxicidade. Porém não deve ser usada por períodos prolongados por causar pigmentação nos dentes, alteração no paladar, sensação de dormência, irritação das mucosas, sensação de boca seca e aumento da formação do tártaro. 

Muitos pacientes nos questionam se os enxaguantes bucais auxiliam no tratamento da halitose. Pois bem, a halitose depende de vários fatores, grande parte dos casos o mau hálito é causado pela presença de microrganismos associados a proteínas, células descamativas, sangue, etc., produzindo compostos sulfurosos voláteis (CSV) que são exalados com a respiração e fala. A redução do biofilme em todas as áreas da boca é fundamental para o tratamento da halitose, tanto por meio profissional (profilaxias e raspagens) quanto pelo auto cuidado (higiene bucal diária). Raspadores de língua tem um impacto significativo na redução dos CSV reduzindo assim o mau hálito. 

E por fim, temos o uso de enxaguantes bucais pelos pacientes antes de atendimentos odontológicos. Essa atitude simples ajuda a reduzir o número de microrganismos que se dispersam junto com aerossol produzido durante os procedimentos, reduzindo assim a contaminação do ambiente.

Entender o uso correto de enxaguantes bucais é crucial para manter uma boca saudável sem comprometer a estrutura dentária. Este guia fornece insights valiosos sobre como escolher o enxaguante certo, evitando os riscos associados ao uso inadequado. Para continuar aprendendo sobre como cuidar da sua saúde bucal e descobrir as práticas recomendadas, siga nosso blog. Compartilhe este artigo com amigos e familiares interessados em manter uma higiene bucal eficaz e segura.

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